Essa é do tempo do meu avô, um mestre na cozinha tinha sempre uma caneca virada com o fundo para cima enquanto cozinhava e sempre passava a faca no fundo para afiar e cortar alimentos, lembrei que minha avó não comia a comida que ele fazia, preferia fazer uma panelinha só para ela, o velho era terrível, morava em Mongaguá, litoral paulista e a casa vivia cheia. Nos velhos tempos, quando se chegava a cidade indo pela areia da praia, a Pedro Taques era um sonho, a iluminação nas casas ou era vela ou lampião, contavam que uma vez quando estava fazendo um panelão de sopa para a netaiada e filharada toda, o lampião que ficava sobre o fogão, que era a lenha, se soltou caindo dentro da panela, meu avô não teve duvidas, tirou o lampião e serviu aquele sopão, todos acharam uma delicia. O tempos bom que se comia qualquer coisa pois se tinha sempre fome e la se vão mais de 60 anos, saudades.
O carteado corria solto, jogavam poker quase todas as tardes e noite e a dinheiro, lembro que meu pai estava sempre duro e pedia emprestado para jogar e perdia quase sempre, a salvadora da pátria era minha mãe que quase sempre ganhava e meu avô dizia que a mesa não era lugar de mulher jogar, kkkkk ficava muito bravo quando perdia a mão para ela. As lembranças que tenho desse tempo dariam para escrever um livro. Se alguém tiver curiosidade, fui entrevistado pelo autor que escreveu " "O Brinco da Princesa", uma historia sobre Mongaguá e as famílias que a fundaram inclusive meu avô José Jacob Seckler que tem ruas com seu nome e até a Av. principal de Oceanópolis leva o nome dele. Era muito querido e tentou a politica mas nunca se elegeu. Adorava esse velho que morreu na Pedro Taques, recém inaugurada, atropelado por um carro de teste de pneus da Pirelli, foi um choque muito grande para todos, ele estava com 82 anos e lembro que foi a primeira vez que viajei com minha namorada, os dois sozinhos, hoje minha esposa Zenaide, pois naquele tempo, anos 60 a coisa não era fácil, a mãe o pai, estavam sempre presente quando estávamos junto ou mandavam uma irmã ficar por perto. Vou para por aqui senão vira um livro.