Entrou farpa no dedo? Veja
o acontece se ela ficar e cuidados ao tirá-la
Aquele móvel de
madeira que você tanto queria chegou e lá vai você montá-lo sozinho. No dia
seguinte, um incômodo estranho no dedo, que parece quente, dolorido, vermelho e
inchado. Você força um pouco os olhos à procura do que possa ser e lá está: uma
farpa.
Por serem finas,
pontiagudas e irregulares, elas acabam entrando na pele. Em geral, perfuram a
epiderme (camada mais externa), depois a derme e podem se localizar no
subcutâneo, onde há gordura.
Na maioria das vezes,
são muito pequenas, a ponto de a pessoa demorar para notá-las, mas se forem
grandes podem atingir até mesmo nervos, encostar em ossos e gerar uma dorbastante
forte e aguda, principalmente quando se movimenta o membro ou toca em alguma
superfície.
O que acontece se ela
ficar?
"Como reação
natural, o organismo vai querer combater e expulsar esse corpo estranho, que é
quando em volta dele fica inflamado. Em algumas situações, pode até sair pus e,
em outras, a farpa é englobada, ou isolada, formando uma cicatriz que pode ficar
estável ao longo da vida ou, depois de algum tempo, voltar a incomodar",
informa Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica) e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
Contaminado, esse
material carrega ainda variados tipos de fungos e bactérias que podem ser
potencialmente nocivos, acarretando infecções e doenças como abscessos,
celulite, erisipela, micoses e até mesmo tétano.
Além disso, a
depender do histórico de saúde e da gravidade do processo infeccioso existe a
probabilidade de ocorrer a perda do membro e até mesmo morte.
"Incomoda e acho
que piorou..."
Você pode estar
andando descalço e uma farpa entrar no seu pé...
Procure um médico.
Não são bons sinais dores latejantes, ou incapacitantes, assim como processos
inflamatórios que durem mais de 48 horas e a presença de sangramentos, secreções
e febre, que podem indicar uma infecção.
Por isso, quando uma
farpa entra na pele, o primeiro passo é lavar o local com água e sabão na
tentativa de diminuir a penetração de patógenos.
Extrair o material
por conta própria, sem auxílio de um profissional, também exige cuidado. O
instrumento de remoção precisa ter sido esterilizado para evitar o risco de
mais contaminação.
Mas mesmo que você
consiga retirar a farpa sozinho, não está descartada a hipótese de ter que
buscar uma unidade de saúde.
"Caso não
saibamos se nosso calendário de vacinação está em dia ou se sinais e sintomas
de quadros inflamatórios e infecciosos, incluindo a presença de gânglios e
manchas na pele, surgirem, vá ao médico", informa Rodrigo Barbosa,
infectologista pelo Instituto de Infectologia Emilio Ribas (SP) e médico de
família da rede de clínicas Amparo Saúde.
Se a vacina
antitetânica estiver defasada, o médico recomenda tomar dose de reforço.
Como farpas são
removidas?
Quando superficiais e
pequenas, vale tentar algumas técnicas. Só não esfregue a área, para que a
farpa não afunde ainda mais na pele, e nem esprema, pois, além da dor, pode
fazer com que se fragmente.
Antes de mexer nela,
a fim de evitar estresse —ainda mais em crianças— e ferimentos desnecessários,
considere também se não é melhor aguardar um pouco mais para ver se o
organismo, com a renovação natural da pele, não faz esse serviço por conta
própria.
Se não deu certo,
tente usar pinça esterilizada, fita adesiva e até bicarbonato de sódio.
Enquanto a pinça ou a fita puxam parte da farpa que está para fora, o
bicarbonato aplicado em pasta sobre o local e encoberto com esparadrapo
desencadeia uma reação que pode empurrar a farpa para fora. Mas algum resultado
só aparece após 24 horas de espera.
Já, no médico, são
considerados dois aspectos. Tratamento com anti-inflamatório e antibiótico, se
houver inflamação e infecção locais, e retirada do corpo estranho.
"Fazemos a
limpeza do local na pele onde está a farpa, anestesia tópica ou injetável,
retirada com pinça, ou, se estiver profunda, uma incisão com lâmina de bisturi,
para então visualização do material para retirada", explica Mariana Ormay,
dermatologista membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e da
plataforma de telemedicina Docpass.
Reparações cirúrgicas podem ser
necessárias quando farpas muito grandes desencadeiam lesões de alguma estrutura
tecidual, como de nervos, tendões e ligamentos.
Credito: Marcelo Testoni
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